Coragem

Costuma-se dizer que a única constante em um projeto de software é a mudança. Clientes mudam de idéia com freqüência, mesmo quando fecham contratos nos quais, teoricamente, assumem o compromisso de não alterar o que está na especificação. Eles mudam porque aprendem durante o projeto e descobrem problemas mais prioritários a serem solucionados ou formas mais apropriadas de resolvê-los. Embora isso seja natural, gera uma preocupação para a equipe de desenvolvimento que, de tempos em tempos, precisa alterar partes do sistema que já estavam prontas, correndo o risco de se quebrar o que já vinha funcionando.

XP não tem uma solução mágica para eliminar esse risco. Ele existe em um projeto XP, como existe em qualquer outro. O que muda é a forma de lidar com ele. Equipes XP acreditam que errar é natural e quebrar o que vinha funcionando pode acontecer eventualmente. É necessário ter coragem para lidar com esse risco, o que em XP se traduz em confiança nos seus mecanismos de proteção. As práticas são voltadas, entre outras coisas, para proteger o software de inúmeras formas. Equipes XP confiam na eficácia destas práticas e destes mecanismos de proteção e isso é o que as tornam receptivas a mudanças. Assim, ao invés de frear a criatividade do cliente e evitar mudanças, equipes XP as consideram inevitáveis e procuram se adaptar a elas com segurança e com coragem, isto é, com confiança em seus mecanismos de proteção, tais como desenvolvimento orientado a testes, programação em par e integração contínua.

Autoria

Texto de Vinícius Manhães Teles.
Ilustrações de Leandro Mello.

Publicado em 02/10/2006.

Licenciado como Creative Commons Atribuição.