Práticas do XP
As práticas são vetores de onde você está para onde você pode chegar com XP. Em XP, você progride em direção a esse estado ideal de desenvolvimento eficaz.
Práticas em XP representam aquilo que você verá as equipes XP fazendo diariamente. Práticas por si só são estéreis. A menos que você dê algum propósito, dado por um conjunto de valores, elas não fazem muito sentido. Programação em par, por exemplo, não faz sentido como algo para simplesmente ir fazendo. Fazer par simplesmente para agradar o chefe é frustrante. Programação em par para comunicar, obter feedback, simplificar o sistema, capturar erros e aumentar sua coragem faz bastante sentido.
Práticas dependem da situação, do contexto. Se a situação muda, você seleciona práticas diferentes para abordar estas condições. Seus valores, por sua vez, não têm que mudar para se adaptar a uma nova situação. Alguns novos princípios podem vir a ser necessários quando se muda de domínio.
As práticas são descritas como coisas absolutas. Minha intenção é te motivar em direção à perfeição, prover objetivos claros e prover formas práticas para alcançá-los. As práticas são vetores de onde você está para onde você pode chegar com XP. Em XP, você progride em direção a esse estado ideal de desenvolvimento eficaz. Por exemplo, implantação diária talvez não faça sentido se você só colocar o sistema no ar uma vez ao ano. Implantar o sistema de forma bem sucedida com maior freqüência é uma melhoria, que ajuda a criar confiança para o próximo passo.
Aplicar uma prática é uma escolha. Acredito que as práticas tornam a programação mais eficaz. Essa é uma coleção de práticas que funcionam e funcionam ainda melhor quando aplicadas em conjunto. Elas foram usadas antes. Experimente XP com essas práticas como uma hipótese. Por exemplo, vamos tentar colocar o sistema no ar mais freqüentemente e ver se isso ajuda.
As práticas do XP não representam uma espécie de ápice na evolução do desenvolvimento de software. Elas são apenas uma estação comum na estrada para o aprimoramento. As práticas do XP tendem a funcionar bem em conjunto. Se você as adotar uma de cada vez, certamente perceberá benefícios. Quando elas começam a ser usadas em conjunto, você eventualmente vê melhorias dramáticas. A interação entre as práticas amplifica o efeito das mesmas.
As práticas foram divididas em duas partes: primárias e corolárias. As práticas primárias são úteis independente do que mais você estiver fazendo. Cada uma delas pode gerar um benefício imediato. Você pode começar seguramente com qualquer uma delas. As práticas corolárias tendem a ser difíceis de dominar sem antes colocar em uso as práticas primárias. O efeito amplificado obtido com as práticas em conjunto significa que há uma vantagem em adicionar as práticas tão rapidamente quanto possível.
São práticas que você pode começar a adotar imediatamente de forma segura para melhorar seu esforço de desenvolvimento de software. Qual você deve adotar primeiro depende inteiramente de seu ambiente e o que você entende como sendo sua maior oportunidade de melhoria. Algumas pessoas precisam de planejamento porque não sabem o que precisa ser feito. Outros precisam de práticas relacionadas à melhoria de qualidade porque estão criando defeitos demais para serem capazes de ver o que está acontecendo.
As práticas corolárias são difíceis ou perigosas de serem implementadas antes de se adotar as práticas primárias. Se você começar a implantar o software diariamente, por exemplo, sem baixar a taxa de defeitos para algo muito próximo de zero (com programação em par, integração contínua e desenvolvimento orientado a testes), você terá um desastre nas mãos. Confie na sua intuição sobre o que é a próxima coisa que precisa ser aprimorada. Se algumas das práticas a seguir parecer apropriada, tente-a. Talvez funcione ou talvez você descubra que há mais trabalho a ser feito antes que você possa usá-las para aprimorar seu processo de desenvolvimento.
Autoria
Texto de Vinícius Manhães Teles.
Ilustrações de Leandro Mello.
Publicado em 02/10/2006.
Licenciado como Creative Commons Atribuição.